Como fazer para calibrar uma televisão?
Saiba quais itens devem ser ajustados e quais parâmetros levar em consideração na hora de arrumar a imagem da sua televisão.- Por Wikerson Landim
Não importa o tipo de tela do seu televisor. Muito provavelmente quando você foi até a loja para comprá-lo um dos itens que você deve ter levado em consideração na hora da comprar foi a qualidade de imagem exibida pelo produto.
Porém, ao chegar em casa, você se vê diante de configurações-padrão, longe das exibidas na loja. Os manuais de instrução, embora tragam muitas informações sobre como proceder para alterar cada um dos itens, raramente explicam o que cada um significa.
Sem saber qual caminho seguir, muitos usuários optam por manter as configurações propostas pelo fabricante, sem levar em conta as condições de luminosidade do seu ambiente nem tampouco o tipo de imagem que está sendo exibido na tela.
Para você que não se contenta com pouco e quer extrair o máximo de qualidade do seu televisor, preparamos um guia explicativo com o significado dos principais itens que podem ser configurados, bem como quais as principais diferenças entre eles para que você tenha a melhor imagem possível com qualquer aparelho.
Calibragem: o que é?
Não se assuste com o termo. Por mais estranho que pareça, calibrar o
seu aparelho de TV nada mais é do que fazer uma série de ajustes de
forma a exibir a melhor imagem possível, independente da fonte de origem
dela.
Dessa forma, vale a pena proceder à calibragem tanto para quem
assiste a imagens em alta definição, como as oriundas de um Blu-ray,
quanto para quem assiste à programação da TV aberta, uma fonte cuja
resolução é menor.
A calibragem do aparelho deve levar em consideração não apenas opções
e funções disponíveis no televisor. É preciso analisar a luminosidade
do ambiente em que o aparelho está localizado bem como as fontes de luz e
reflexo que incidem sobre ele, como janelas abertas ou luminárias.
Os itens mais comuns a serem analisados em uma calibragem são os
ajustes de brilho, contraste e nitidez. Porém, você pode ir muito além
deles. Os aparelhos mais modernos hoje em dia trazem uma série de opções
customizáveis para que as cores que você vê na tela sejam as mais fiéis
possíveis à fonte de origem.
Por que preciso fazer isso em minha TV?
Imagine um personagem conhecido do cinema, como o Homem de Ferro.
Quais são as cores de sua armadura? Vermelho e amarelo, certo? Vá a uma
loja de eletrônicos e compare duas ou mais imagens iguais em TVs
diferentes. Repare que cada uma delas apresenta um tom de vermelho e de
amarelo diferentes.
Isso acontece porque a maioria dos produtos expostos nas lojas estão
preparados para exibir as configurações-padrão de fábrica. Some a isso o
fato que nesses locais, em geral, a quantidade de luz que incide sobre
os aparelhos é bem maior do que em sua casa.
Algumas lojas possuem espaços personalizados para exibir um
determinado produto. Isso não está lá por acaso. Nesses locais a
luminosidade é controlada e as configurações de cor da tela também são
modificadas, de modo a proporcionar ao visitante a maior fidelidade
possível.
E é justamente esse o propósito da calibragem. Apresentar ao
espectador uma paleta de cores fiel à concepção de sua imagem de origem.
Embora muitos acreditem que arrumar a imagem de uma TV signifique
deixá-la o mais fiel possível ao seu gosto, não é esse o propósito da
calibragem.
Além de você mesmo configurar manualmente o seu aparelho, vale
lembrar que existem equipamentos e softwares específicos com essa
função. Todos em geral têm um bom custo-benefício, uma vez que são caros
para serem utilizados apenas uma vez a cada três meses.
A importância da calibragem é tanta que algumas empresas de TV por
assinatura chegam a oferecer esse serviço para os seus clientes. A Sky,
por exemplo, disponibiliza para os assinantes paulistas um serviço de
calibragem de vídeo.
Pagando uma pequena taxa, o assinante recebe em sua casa a visita de
um técnico especializado que ajusta, com instrumentos específicos, a
imagem do aparelho de TV de acordo com as características do ambiente.
Os padrões seguidos pelos técnicos são os mesmos adotados pela Society
of Motion Pictures and Television Engineers, responsável pela
regulamentação de um padrão de qualidade internacional.
Ajustes no ambiente
Antes de iniciar as modificações nas configurações de cores do seu
aparelho de TV, o primeiro passo é conhecer o ambiente onde o produto
está instalado. Repare, em primeiro lugar, nas condições de iluminação
de sua sala enquanto você está assistindo à TV.
Você costuma assistir a TV com as luzes apagadas ou acesas? Se sim,
saiba que esta é mesmo a melhor condição para desfrutar da qualidade
máxima de imagem possível. A luz do ambiente atenua o contraste de cores
que você percebe.
Da mesma forma, a escuridão total, diferente do cinema, pode ser
prejudicial à sua visão, pois você força mais a sua vista. A melhor
saída é manter uma luz difusa acesa no ambiente, localizada em algum
ponto não conflitante com a tela – atrás e distante.
Outro item a ser levado em consideração é a distância mínima em relação ao aparelho. Ela varia de acordo com o tamanho de sua tela. Não há uma regra específica, mas vale fazer o seguinte cálculo: pegue a medida da diagonal de sua tela, em centímetros, e multiplique por três.
O resultado é uma distância aproximada. Um exemplo: uma TV de 42
polegadas tem diagonal de tela de 105,6 cm. Multiplicando por três
chegamos ao número de 3,16 metros. Há outra forma de fazer esse cálculo
que você pode conferir no artigo “Eu quero uma televisão grande, mas que tamanho devo comprar?”.
Entendendo os itens de configuração
Vamos conhecer agora um pouco do significado de cada um dos itens que
você vai configurar e entender como a variação de cada um deles afeta a
imagem visualizada no aparelho de TV. Essas configurações podem ser
aplicadas em telas de qualquer tipo, desde as antigas CRT até as
modernas LCD com tecnologia LED.
Brilho
As configurações de brilho determinam a intensidade da cor preta na
tela do televisor. O ideal nesse quesito é buscar o equilíbrio. Quanto
maior o for o brilho, menor a percepção dos tons de preto pelo usuário. A
tela ganhará um aspecto cinza caso ele esteja muito alto.
Se o brilho estiver baixo a tela ficará mais escura e, a partir de
certo ponto, você passará a não diferenciar contrastes de cores entre
tons claros e escuros. Vale ressaltar que as configurações de cores
variam de um aparelho para outro.
Assim, um ajuste de 50% em uma TV LED não é igual àquele de 50% em uma TV LCD. As variações são pequenas, mas são significativas a ponto de fazer com que a melhor opção seja mesmo ajustar “no olho” o melhor nível de contraste.
Contraste
A função do contraste é similar à do brilho, mas com a diferença que é
responsável pelos tons de branco. Da mesma forma, nesse quesito você
deve procurar o equilíbrio na configuração. Ao deixar o contraste muito
alto a sensação que você terá é a de uma imagem borrada.
A configuração do contraste é tão importante que, mal configurado,
ele pode causar desalinhamentos na geometria dos objetos e, em casos
raros, problemas permanentes na configuração de cores do aparelho.
A mesma regra de variação entre os tipos de tela também se aplica
nesse quesito. Se um contraste alto deixa as imagens borradas, um
contraste baixo as mostra com quase nenhuma definição. O ponto ideal
ficará entre 40% e 60%.
Cores
Brilho e contraste são as duas configurações mais importantes. A
partir das variações delas todos os outros elementos sofrem alterações.
Por isso certifique-se de ter encontrado o ponto ideal em ambos os
quesitos antes de alterar outros itens.
O ajuste de cor refere-se à saturação. Quanto maior a intensidade,
mais carregadas serão as nuances exibidas. Imagens com pouca saturação
se assemelham a tons de cinza, dando a impressão de estarem lavadas.
Nesse quesito, mais uma vez, procure um meio termo em que as imagens
não fiquem sobrecarregadas nem apagadas. Vale lembrar que este item não
deve ser confundido com a temperatura de cor, algo que abordaremos logo
adiante.
Matiz
O matiz é um controle adicional para televisores que utilizam o
padrão NTSC. No Brasil, utilizamos o sistema de cores PAL, lançado
posteriormente ao NTSC. Os sistemas PAL e SECAM dispensam a existência
desse controle, uma vez que essa correção é feita de forma automática.
Um matiz desconfigurada tende a apresentar imagens em tons verdes ou
violetas. Caso você perceba algum problema dessa ordem é nessa
configuração que você deve mexer. No entanto, por padrão ela não deve
sofrer alterações na configuração.
Nitidez
Os valores de nitidez também são um elemento presente no sistema de
cores NTSC. Quando ela está muito intensa o efeito percebido será uma
espécie de halo em torno das imagens. Quando regulado em baixa
intensidade o efeito é a impressão de elementos “recortados”, deslocados
do cenário de fundo.
Em geral esse controle não necessita de regulagem e o modo
pré-definido de fábrica é cabível para os mais diversos perfis de cor.
Porém, caso queira alterá-lo, mais uma vez vale o bom senso e a busca
pelo equilíbrio na configuração.
Temperatura de cor
Este item é mais recente e está presente em alguns aparelhos de TV
mais novos. Sua influência é significativa, uma vez que afeta toda a
paleta de cores. Seu funcionamento se dá a partir dos tons de branco que
podem ser mais ou menos intensos.
A utilização dela varia de acordo com o seu ambiente. Um local muito
iluminado, por exemplo, requer uma temperatura de cor diferente
(quente). Já num ambiente com pouca iluminação as cores frias são
percebidas com melhor intensidade.
Presets e configurações-padrão
Os aparelhos de televisão mais recentes, cada vez mais, buscam
facilitar a vida do usuário em termos de configuração de cores. Assim, é
comum encontrarmos modelos que trazem diversos modos de cores,
específicos para cada finalidade ou origem de imagem.
Modos como cinema, esporte, game, TV ou normal são apenas alguns dos presets
disponíveis. Todos visam adaptar o estilo da imagem exibida a um
espectro visual mais fiel e realista se comparado à fonte de origem.
Embora o senso comum diga que a melhor imagem é aquela que se adapta
perfeitamente à visão do usuário ou, em outras palavras, mais agrada à
visão do espectador, nem sempre ela se constitui na versão correta ou
fiel à proposta de quem criou a imagem em questão.
Os presets automáticos disponibilizados pelos fabricantes
são apenas um referencial de combinações possíveis, que ressaltam em
determinados momentos as principais características de uma imagem em
questão.
Um exemplo: num modo cinema, o mais importante na imagem é o seu
contraste. Repare que ele é bastante acentuado ao selecionar esse modo
em qualquer aparelho. Já num jogo de video game, as cores assumem um
papel fundamental, por isso a nitidez nesse modo é ressaltada.
Calibrando a TV com Star Wars e Indiana Jones
É isso mesmo que você leu. Os filmes da saga Star Wars, de George
Lucas, podem ajudá-lo a calibrar a sua TV. O segredo não está nos
poderes jedi ou na força do mestre Yoda. O diferencial fica por
conta do THX Optimizer, uma opção de ajuste de cores disponível nos
DVDs da série Star Wars.
A THX é uma das empresas mais conceituadas no segmento e além de
disponibilizar tecnologias para o ajuste de cores é uma das referências
em termos de certificação de qualidade. Além disso, existe um par de
óculos disponível que auxilia em todo o processo de calibragem.
Se você está disposto a investir na qualidade de imagem de sua televisão, vale a pena conhecer o site da empresa. Nele estão disponíveis mais informações sobre o produto, além das certificações de qualidade para imagem e som.
Por que não existe uma fórmula perfeita?
Embora existam referências e sugestões a seguir para configurar o seu
aparelho, infelizmente não há uma maneira perfeita de se fazer isso
apenas a olho nu. Empresas especializadas e estúdios de gravação
profissional utilizam ferramentas complementares para garantir a
exatidão de cores, como os colorímetros.
A maior razão para não existir uma configuração perfeita fica por
conta da variação de luminosidade do seu ambiente. A menos que ele tenha
luminosidade 100% controlada, não há como manter um valor constante de
intensidade de luz ao longo do dia.
Por isso, uma configuração que aparentemente pode estar boa em um
determinado pode lhe parecer desagradável horas depois, graças à mudança
da luminosidade externa e suas consequentes alterações no reflexo
interno ao longo do dia.
A melhor maneira de minimizar essas distorções é instalar o seu
aparelho de televisão no mais adaptado ambiente possível. Sabe aquelas
empresas que montam projetos para você ter um home theater em casa, com a
disposição perfeita de som? O processo e os cuidados com a imagem devem
ser exatamente os mesmos.
Vale a pena investir em calibragem?
A resposta para essa pergunta depende da maneira como você encara o
entretenimento ou seu ambiente para assistir televisão. Se você conta
com um aparelho de televisão Full HD de, pelo menos 32 polegadas,
localizado em um ambiente planejado e com poucas variações de
luminosidade, vale a pena conhecer um pouco mais sobre essas
tecnologias.
Ter um aparelho calibrado em um ambiente propício para o
entretenimento resultará em uma diferença considerável em termos de
qualidade de imagem - caso você possa contar com um aparelho de
calibragem ou mesmo esteja disposto a receber uma visita de um técnico
no assunto.
Entretanto, se você é do tipo que tem a televisão como uma companhia,
deixando-a ligada enquanto faz as suas tarefas habituais do dia a dia e
tendo pouco tempo para se sentar diante dela, na distância correta e
com as luzes apagadas, a aquisição de um aparelho será de pouca
serventia.
O que vale a pena, independente da qualidade do seu aparelho, é sim,
manusear os controles de imagem e perceber o quanto eles podem modificar
o visual de uma mesma tela, apenas com a correção de cores. O resultado
será uma imagem muito mais agradável e em que será possível distinguir
com maior clareza as principais nuances de cores e o contraste entre
elas.
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